Salgueiro Maia, de las guerras en África a la 'Revoluçao dos Cravos'

22 de mayo de 2021 21:26 h

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En el cementerio de Castelo de Vide hay un túmulo sencillo, bien iluminado por el sol, mirando para el verde de la Serra de San Mamede: la sepultura del “Capitão de Abril” Fernando José Salgueiro Maia, nacido en esta población del Alto Alentejo el día 1 de julio de 1944. Situado en “campa rasa”, como él había escrito el 28 de junio de 1989, cuando ya tenía conocimiento de su dolencia irreversible, de un terrible cáncer:

Determino - escribiría de su puño y letra en papel de rayas - que desejo ser sepultado em Castelo de Vide, em campa rasa, e utilizar o caixão mais barato do mercado; o transporte do mesmo deve fazer-se pelo meio mais económico de preferência em viatura militar. Durante o funeral somente a presença dos amigos a quem peço para entoarem ”Grândola Vila Morena“ e ”Marcha do M.F.A.“. 

Santarém 28 de junho de 1989. O declarante Salgueiro Maia“.

El también capitán de abril y amigo, Vasco Lourenço, declaró que Salgueiro Maia le había confesado en ese mismo año: “Vou pedir para se cantar no meu funeral ‘Grândola, Vila Morena’ porque haverá muitos indivíduos que oportunistamente vão querer ficar na fotografia do meu funeral e eu vou forçá-los a cantar ou pelo menos ouvir cantar ‘Grândola, Vila Morena’”. Cuando le comunicó el fatal desenlace su mujer, estando de visita oficial en Jerusalén, él diría: “Eu sei, eu sei, porque ele me disse”. (1)

Fernando Salgueiro Maia entró en la Academia Militar, en Lisboa, el día 6 de octubre de 1964, con 20 años de  edad, cuando ya estaba declarada la guerra en los tres escenarios coloniales: Angola (1961), Guinea(1963) y Mozambique (1964). Pasa a la Escuela Práctica de Caballería (EPC), en Santarém, para continuar su formación. Dos años después parte para el norte de Mozambique. “Crê sinceramente - escribe Sousa Duarte - que as causas pela qual se batem as tropas portuguesas ‘são justas’ e o isolamento ‘uma consequência da inveja, da Guerra Fria e... outros interesses económicos das grandes potencias’ ”.  (2)

Mas cuando ya lleva nueve meses en lo que era su primera comisión de servicio, ya es consciente de la dura realidad. “O ambiente que se vivia em Mueda (noroeste de Moçambique) era inesquecível: a toda a hora do dia chegavam de avião feridos graves ou mortos; as amputações de membros eram diárias, as emboscadas nos itinerários de acesso e os ataques aos aquartelamentos da zona uma constante”, escribe en sus memorias. (3)

Comprendiendo que está del lado errado, participa con responsabilidad del Movimiento de los Capitanes y de la Revolución de Abril de 1974. Y reconoce el propio Otelo que “Salgueiro Maia iria a ser o comandante de força do Movimento mais sujeito a situações de perigo e de tensão ao longo do dia 25 [...] e que farão concentrar sobre ele e as forças da EPC as preocupações do posto de comando e as atenções e o carinho das massas populares que, a partir do Terreiro do Paço, não mais deixarão de o acompanhar e aos seus homens, guindando desde logo o jovem capitão às culminâncias de primeira estrela do MFA vitorioso”. (4)

Su gloriosa participación en el golpe militar será más tarde injustamente manchada. El tempestuoso 25 de noviembre de 1975 tendrá consecuencias negativas para Salgueiro Maia. Y si el 11 de marzo fue acusado de apoyar a los espinolistas en su fracasado golpe, ahora las sospechas serán de falta de celeridad en la participación contra las fuerzas de izquierda. (5)

Esa situación incómoda va a durar en el tiempo, extendiéndose a la jerarquía militar y representantes políticos. En 1988, en entrevista concedida a Fernando Assis Pacheco, le confesaba: “deploro que tendo nós realizado um acto ímpar - pela primeira vez na História da Humanidade uma força militar realiza uma acção de destruição de um poder sem se apropriar desse poder -, isto que em todos os países é relevante, passa aqui pura e simplesmente despercebido, ou então, ao contrário, serve de base para sermos marginalizados, quando não tratados como traidores à Pátria”. Y por eso, ya no iría a las sesiones oficiales de las conmemoraciones del 25 de Abril, “porque muitas vezes o que se ouve é assim um esquema do «Vamos contar Mentiras» que não me deixa muito bem disposto”. (6)

En 1989 comienza a sentirse mal. No hay remedio para el cáncer que sufre, falleciendo el 4 de abril de 1992. Nuestro ilustre capitán bien podría haber dicho lo que su amigo y ex -presidente de la Cámara de Castelo de Vide, Carolino Tapadejo, escribe sobre sí mismo en el volumen “Memórias e Vivências de Paixão”: “tinha feito uma reflexão sobre quem poderiam ser os seus inimigos e, no final, tinha ficado radiante, pois entre os que conseguira identificar, não havia nenhum honesto!”. (7)

(Extracto del libro del autor del artículo, recientemente editado en Portugal y en España, con el título “Salgueiro Maia. De las guerras en África a la Revolución de los Claveles y su evolución posterior”).

(1) En https://expresso.pt/sociedade/2019-04-04-O-capitao-que-quase-enganou-a-tristeza (en 1h y 2 minutos del reportaje).

(2) SOUSA DUARTE, António de: Salgueiro Maia. Um homem da liberdade. Âncora editora. Lisboa, 2014. (12ª edición). Pág. 41.

(3)  SALGUEIRO MAIA: Capitão de Abril. Âncora editora. Lisboa, 2014 (3ª edic.). Pág. 16.

(4)  SARAIVA DE CARVALHO, Otelo: Alvorada em Abril. Livraria Bertrand, Lisboa, 1977.  Pág. 424.

(5) CRUZEIRO, Maria Manuela: Vasco Lourenço. Do interiro da Revolução. Âncora Editora. Lisboa, 2009. Pág. 545.

(6) SALGUEIRO MAIA, Fernando: Obra citada. Págs. 216-217.

(7) TAPADEJO, Carolino: O menino Órfão, en MÃO DE FERRO, Fernando: Memórias e Vivências de Paixão. Edições Colibri. Lisboa, 2020.